Centro Universitário Norte do Espírito Santo, São Mateus - ES

O SETOR DE PSICOLOGIA/DASAS COMENTA: DIA NACIONAL DE LIBRAS

Nos últimos anos temos visto um aumento no acesso de pessoas com deficiência (PCD) às instituições de ensino superior (IES), entre outros, por meio do sucesso de políticas de ações afirmativas como a reserva de vagas para este público, vulgo cotas, tanto para discentes quanto para trabalhadores. Em especial em nossa Universidade, devemos ver um aumento ainda maior nos próximos anos, reflexo de políticas de inclusão na educação fundamental e básica de anos anteriores em nosso estado. Com isto em mente, parece importante dar destaque ao dia 24 de abril. Neste se celebra o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Coincidência ou não, também esta data é conhecida como Dia Internacional de Conscientização sobre o Ruído, a fim de lembrar sobre os danos causados por ruído excessivo à saúde geral e à audição em particular.

Talvez você não saiba, mas ao redor do mundo as línguas de sinais são consideradas como língua mesmo, contendo regras gramaticais e de sintaxe. E não há um sistema de sinais universalmente utilizado, mas diferentes línguas de sinais, com distintas genealogias. No Brasil a LIBRAS é uma das línguas oficiais, assim como o português.

Segundo estudos um obstáculo à vida cotidiana enfrentado por PCDs em geral, e pessoas surdas especialmente, é a socialização. A dificuldade de estabelecer comunicação geralmente é uma condição mais acentuada a esta parcela da população, com consequências preocupantes em seu desenvolvimento social, emocional e cognitivo. Deste modo, a surdez pode muitas vezes acabar por reduzir a qualidade de vida aumentando consideravelmente as chances de alterações psicológicas, por exemplo. As dificuldades também se expressam em barreiras para acessar direitos e serviços, incluindo os de saúde. Pessoas que vivenciam problemas desta ordem tendem a evitar novas relações sociais, isolando-se, podendo reduzir sua satisfação de vida e autoestima. Este fantasma faz parte da realidade de deficientes auditivos, rondando-os como um perigo iminente.

Não se está aqui defendendo a noção de vulnerabilidade inerente a esta condição, mas alertando sobre como o contexto social, ao gerar barreiras à integração de certos indivíduos, cria artificialmente obstáculos a seus plenos desenvolvimento e autorrealização.

Antigamente a inclusão de pessoas surdas se dava primordialmente por processo de oralização, isto é a comunicação pelo ensino de leitura labial e da comunicação oral da língua falada. Mas, ao contrário do que se possa pensar, deficientes auditivos oralizados tendem a ter uma vida mais restrita que a das pessoas surdas fluentes em língua de sinais. Isto porque, como toda língua, estas propiciam a geração de uma cultura acessível apenas aos iniciados. Como sabemos, a língua não é somente um meio para a comunicação, mas um elemento de formação de pertença e de barreira a essa identidade. Há todo uma cultura surda em nosso país que poucos tem acesso por não conhecerem LIBRAS, e há muitos de nossos concidadãos, alguns próximos a nós, excluídos de nosso convívio e de nossos direitos.

A questão que se nos impõe então é esta: que passos estamos dispostos a dar para contribuir com a promoção de inclusão e acessibilidade, a começar em nossa Universidade? Uma ideia, que tal se desafiar a aprender um pouco de LIBRAS até o fim do ano

Referências:

ANJOS, ASS (2021). Cuidados de Enfermagem ao Surdo Adulto com Doença Crônica. Programa de Atualização em Enfermagem (PROENF), Saúde do Adulto. Porto Alegre: Artmed Panamericana, 16 ed, v. 12, pp. 45-78. DOI: «10.5935/978-65-5848-319-9.C0002».

Chaveiro N, Duarte SBR, Freitas AR, Barbosa MA, Porto CC, Fleck MPA (2014). Qualidade de vida dos surdos que se comunicam pela língua de sinais: revisão integrativa. In: INTERFACE: Comunicação Saúde Educação, 18(48), pp.101-14. DOI: «10.1590/1807-57622013.0510».

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